23 fevereiro 2004

Educação sexual: tem que ser desta!

Mais do que a discussão sobre o aborto, que confesso de difícil tratamento aqui, a possibilidade de introdução de uma disciplina de Educação Sexual nas escolas portuguesas, essa sim permite-me um comentário.
Em primeiro lugar, é muito positivo que seja o PSD a colocar na ordem do dia o problema. Sim, trata-se de um problema, ele existe mesmo e o grande mal tem sido esta atitude de enfiar a cabeça na areia, ou de assobiar para o lado, como se quiser. Isto é o que a sociedade portuguesa e a classe política tem feito.
Não me venham com as ideias da transversalidade, com aquelas balelas de que o assunto será supostamente abordado em várias disciplinas, pois esse tem sido o caminho para o vazio, para não dizer o precipício que é, o aumento explosivo das gravidezes na adolescência, a tragédia da SIDA que se parece silenciar em Portugal.
Não meus senhores, isto não vai mesmo com falinhas mansas de sacristia mofenta, a situação é de calamidade e exige finalmente determinação e coragem, pelo futuro dos nossos jovens.
Agora, também concordo que o Ministério da Educação deve ser exigente e cuidadoso, mas não vale a pena dramatizar.
Recordo por exemplo o meu 9º ano de escolaridade: na époaca fiz uma opção (note-se opção) por Noções Básicas de Saúde. Em vez de uma daquelas senhoras professoras muito salão de chá, saiu-nos um médico, por sinal jovem, que nos fez uma autêntica formação sobre tudo o que era método anticoncepcional, ciclos hormonais, constiotuição dos aparelhos reprodutores, etc. Não fiquei nada traumatizado, finalmente aprendi sobre assuntos que tanta curiosidade nos despertavam e sobre os quais ninguém abordava e no final, só me perguntava como aquilo tudo poderia ser matéria de opção.
Confesso até que nos nossos 14,15 anos, aquela disciplina fez.nos sentir mais homenzinhos.
Depois tudo aquilo se varreu, mandaram embora os médicos e entregaram o assunto à transversalidade.
Tenho para mim que se estas experiências educativas tivessem tido seguimento, talvez a paisagem da SIDA em Portugal não fosse a que nos coloca vergonhosamente no top do ranking europeu.
Aliás, eu que não sou desinformado de todo, já nem sei quem é o actual responsável pelo combate à SIDA em Portugal. Será discreto, admito. Creio é que há causas que não vão lá sem uma certa dose de indiscrição.

Sem comentários:

Enviar um comentário